É notório que os mega eventos trazem impactos positivos, mas também negativos… cabe sua localidade sede estar alinhada com todos os meios de mitigar os últimos e potencializar os primeiros.

Um dos casos mais recentes e emblemáticos está sendo nesse momento vivenciado pelo Brasil, com a epidemia que assola a nação: o vírus da Zika.

Estudos científicos, liderados por um pool de pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, identificaram que o vírus da Zika chegou ao Brasil justamente em função da realização de um megaevento: a Copa das Confederações, em 2013.

Essa afirmação é decorrente da força tarefa em descobrir cada vez mais informações precisas sobre o vírus e impulsionar uma possível vacina imunizadora.

Os estudiosos salientaram que a doença estava em seu apogeu na Polinésia Francesa, e com a participação do Tahiti no evento esportivo, muitos visitantes da localidade vieram acompanhar os jogos dessa seleção, que ocorreram no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, regiões com altos índices de propagação do vírus.

Esse fluxo de turistas e aumento da intensidade da malha aérea possibilitou a chegada do vírus no Brasil, que somente dois anos depois explicitou-se os diagnósticos coerentes da Zika, em função de ter sintomas muito próximos da Dengue e Chikungunya e que acabaram por mascarar a efetiva chegada da doença, somente confirmando os primeiros casos em abril de 2015.

Essa variável de segurança em eventos para muitos pode até ser considerada incontrolável, mas não é assim.

Isso dependerá justamente da tratativa que é dada, os meios de prevenção que são utilizados e sobretudo, o poder de agir emergencialmente para evitar que uma doença torne-se epidêmica, podendo até mesmo tornar-se uma pandemia, atingindo esferas mundiais.

Infelizmente, todos nós conhecemos o comportamento passivo e, em muitos casos, irresponsáveis de nossos gestores vinculados à saúde nacional.

Crucificar um megaevento por essa epidemia, é ao mesmo tempo injusto e conota uma tentativa de não assumir culpas.

Temos agora cerca de quatro meses não só para lidar com ações enérgicas para controlar o quadro caótico da epidemia da Zika, acompanhada de perto pela Dengue e Chikungunya, justamente para não nos transformarmos em um novo polo emissor de todos os vírus.

Muitas delegações já sinalizaram a anuência de liberar seus atletas de elite na participação dos Jogos Olímpicos do Rio em função desse cenário assustador.

Fato que diminui a competitividade e beleza desse espetáculo, que emana irmandade entre os povos e dissemina uma cultura de paz mundial.

Essa incompetência que nos encontramos, mesmo não sendo de responsabilidade dos OPCs, demanda atenção e esforços para gerar um ambiente mais tranquilo e menos aterrorizante.

Campanhas de comunicação, sensibilização incentivando a todos o uso pragmático de meios de prevenção coletiva e solidária, além de imunizações em locais das competições e cercanias, distribuição de repelentes adequados, entre outras iniciativas, deverão e devem ser incluídas no planejamento, não só da RIO 2016, mas também de todos os demais eventos, independente de seu porte, tipologia ou abrangência.

O legado dos eventos não é discutido, sabemos que ocorrem… o que precisa é justamente a sagacidade de não ser hipócrita, levantando uma bandeira só de atributos positivos. Existe o outro lado sim… e cabe, mais uma vez que a organização do acontecimento especial gere estratégias que possam minimizar os efeitos negativos… Ninguém e Nada é perfeito, podemos sempre… e essa é a nossa constante meta, chegar o mais próximo da excelência.

É isso que se espera de todos, sejam organizadores de eventos, comunidade, gestores públicos, enfim de toda a sociedade!

Não é à toa que um dos lemas mais conhecidos no mundo todo é: A União faz a força!

Ah… é já é bom tomar conhecimento que novos vírus, também transmitidos por mosquitos, começam a circular por aí. Trata-se do Mayaro e Oropouche…

Não podemos dar trégua!!!

 

Texto de Autoria de ANDRÉA NAKANE