O clima do país realmente não está festivo, mas com a aproximação dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a partir do próximo dia 5 de agosto, tenta-se despertar o espírito alegre e acolhedor do povo.

A chegada da chama olímpica – mesmo com seus apagões momentâneos – demonstrou que o povo está indo para as ruas, mesmo com todo o desânimo, em função da crise política mais grave de sua história recente.

Os Ministérios da Cultura e dos Esportes, ainda em incógnita se irão permanecer ou se fundir, anunciaram na semana passada investimentos na grandeza de R$ 85 milhões para promover uma programação diversificada paralela as performances olímpicas, com o intuito de ganhar mais projeção internacional, com a pluralidade e gingado da música e danças locais.

O governo federal promete a participação de cerca de 10.000 artistas, incluindo também talentos nas artes plásticas e ritos religiosos.

Entre tantas atrações, uma que promete tornar-se a mais comentada e concorrida é composta pelas sessões musicais, comandadas por pianistas brasileiros, em plena pedra do Arpoador, que por si só tornou-se uma das paisagens mais emblemáticas do RJ, com direito a saudação do nascer e do por do sol.

Além disso, verdadeiras micaretas irão literalmente pipocar pela cidade oferecendo um gostinho de Carnaval aos visitantes olímpicos.

Juntar esportes e entretenimento há muito tem fomentado grandes resultados. A simbiose dos segmentos até gerou uma nomenclatura específica, o Sports Entertainment e tem na famosa teoria de Debord, a Sociedade do Espetáculo, alicerces para configurar-se como uma perfeita combinação de emoções a ser consumida como um produto de lazer, com uma veia mercantilista de vultuosos rendimentos.

A questão é, justamente, o inadequado momento para tantas celebrações não autênticas, já que é notório aos olhos do mundo, o difícil momento que o país atravessa.

A questão é, justamente, o inadequado momento para tantas celebrações não autênticas, já que é notório aos olhos do mundo, o difícil momento que o país atravessa.

Além disso, com os cofres públicos já tão esvaziados, o montante que será investido poderá ser considerado ainda mais uma afronta e desrespeito a nação.

Fazer festa demanda investimentos, mas chega uma hora que não dá para oferecer o melhor e nesse caso, o menos já será muito bom.

Aliás, a maior riqueza do país, está naturalmente presente no DNA de cada brasileiro e que precisa ser estimulado para receber todos de braços abertos, pois esse sim, de forma muito simples, com uma caixinha de fósforo e uma mesa para batucar, consegue extrair um som genuinamente nosso, que a todos encanta!

E não podemos esquecer do cenário incomparável que fomos brindado com tantas belezas naturais. Isso já naturalmente evoca um êxtase de deslumbramento. Mas é preciso que a segurança esteja reforçada… e parece que isso não está sendo considerado a prioridade… Boa parte desse valor que foi anunciado poderia ser empregado para ampliar o trabalho da Segurança, sem perder a ideia de demonstrar nossa cultura pulsante.

Não temos uma grandiosa equipe de voluntários trabalhando nos jogos olímpicos RIO 2016? Por que os artistas de todas as esferas também não podem entrar nesse rol? Afinal também estarão trabalhando a sua imagem e certamente plantando sementes que poderão ser colhidas em rendimentos futuros.

Se todos cooperarem realmente, poderemos fazer bonito, com menos dinheiro, afinal já estamos operando no vermelho há algum tempo e não podemos continuar a aumentar irresponsavelmente o endividamento público.

Há hora de ganhar, mas também há hora de oferecer!

Está mais que na hora das autoridades públicas serem gentis e mais competentes no uso do nosso próprio e sacrificado dinheiro!

* Andrea Nakane é professora, empreendedora e diretora do Mestres da Hospitalidade