A relação das pessoas com os espaços territoriais é permeada, muito além da necessidade de morada ou abrigo. Há locais que tornam-se ícones de admiração e desejo, estimulando assim a permanência de moradores e atraindo visitantes para conhecê-los.

Todo esse processo dinâmico e vigoroso, pressupõe o encadeamento de vínculos, não só racionais, mas sobretudo, emocionais e que ordenadamente possam ser percebidos, sentidos e vivenciados.

Se uma cidade torna-se um local pleno para o bem estar de seus moradores, consequentemente, também irá gerar interesse de outras pessoas, não só para migração, mas também, e principalmente, para acionar maior êxito da atividade turística.

O investimento na construção, preservação e inovação de atrativos turísticos é condição sine qua non, porém os mesmos devem estar vinculados com a identidade do local. É preciso uma sinergia conceitual que possibilite a compreensão de que não é algo meramente formatado com um apelo comercial, sem uma lógica cultural, devendo ser então, uma representação genuína dos grupos sociais que ali viveram ou vivem.

Para estudar e planejar – de forma estruturada e assertiva – essa condição, existe o que é batizado universalmente de Place Branding, ou em uma tradução para nosso idioma, Marca-lugar, que representa uma vertente do branding, muito utilizado no mercado corporativo, para produtos e empresas e que nos últimos anos ganhou espaço nas dimensões de políticas públicas, já que vislumbra ser um ciclo que demanda a participação de diversos perfis de públicos interessados no resultado mais positivo e autêntico.

Tendo como meta a repercussão de tal movimento no Brasil, Caio Esteves fundou a Place For Us, que segundo sua visão objetiva gerar transformações dos espaços públicos, por meio da articulação da própria sociedade, respaldada por métodos e análises configuradas para tal feito.

Para estudar e planejar – de forma estruturada e assertiva – essa condição, existe o que é batizado universalmente de Place Branding, ou em uma tradução para nosso idioma, Marca-lugar, que representa uma vertente do branding, muito utilizado no mercado corporativo

Ele, ainda, sinaliza que “ é uma ferramenta, prática e que de certa forma, nasce para melhorar um bairro, lugar, cidade ou região”. Ele argumenta também que “o place branding, muito além da identidade visual, potencializa o que o lugar tem de melhor e trabalha a comunicação desses diferenciais para dentro e para fora.”

Não pode ser confundido como um mero instrumento de marketing, já que seu resultado é que dará subsídios para a construção de um plano promocional, baseado em pilares, muito bem desenhados e agregados socialmente com os principais atores de todo o cenário foco. Essa atividade vai muito além do inventariado turístico, pois busca, também, transcender o que está projetado, investigando e agrupando possibilidades ainda não lapidadas massivamente, ajudando a criação pura da representação de um lugar.

Essa pode ser múltipla, mas necessariamente deve ser alinhada com atributos que evoquem  sua essência.

A economia das experiências e o empreendedorismo são raízes que encontram no Place Branding um campo muito fértil para seu desenvolvimento.

É notório que no Brasil, são poucos os destinos que investiram em sua organização estratégica para o desenvolvimento turístico. A questão governamental atrelada a descontinuidade de projetos políticos responsáveis e não frívolos acaba – de forma permissiva – gerando retrocessos e despesas gigantescas, sem efetivamente gerar deliberações de sucesso, que não de forma imediatistas e superficiais.

O Place Branding demanda continuidade e acompanhamento das mudanças comportamentais e para isso o engajamento social é crucial. Quando a própria população sente-se literalmente dona do seu pedaço, isso extrapola, o simples envolvimento e foca em um estrondoso comprometimento e participação, que irá ser a mola mestra da amplitude das políticas públicas, não sendo mais um repositório unilateral, mas uma rede colaborativa, relevante, prática, robusta e real.

Um município para ser alvo de desejo e sonhos de turistas, deve antes ter atendido a outros grupos sociais que a margeiam, até porque o receber bem tem na plataforma da reciprocidade seu impulso condutor.

Está mais que na hora de termos o controle sobre nossas vidas, nossos anseios e nossas cidades. Só assim estabeleceremos em nossa nação, exemplos de lugares, que serão competitivos e irão conquistar mentes e corações de seus nativos e futuros visitantes, mesmo com pormenores que os atinjam, já que todos sabem que perfeição é algo inexistente, mas que gerenciados não afetarão de forma retumbante suas reputações.

Isso não só é possível, mas como já pode ser investigado de forma não ficcional em tantas cidades, que sagazmente já utilizam o Place Branding para sair da retórica comum em direção a um novo olhar: transformador e de braços abertos para todos, sem exceção.

Quer saber mais, acesse http://www.placesforus.com.br

*Andréa Nakane é carioca, professora universitária e diretora da Mestres da Hospitalidade