Uma das mais antigas e conhecidas tipologias de eventos que acompanham a humanidade desde a idade média, as feiras comerciais, tem agora no século XXI desafios que estão promovendo transformações em seus modelos de negócios, no intuito de continuar viabilizando sua consolidação e potencializar os investimentos de toda a cadeia.
Essa nova ordem não está relacionada somente a conjuntura de uma crise econômica, em escala global, mas sim em um atendimento mais estratégico que estabeleça maior sinergia entre todos os principais players – desde os promotores, organizadores, expositores, prestadores de serviços e é lógico, o público-alvo- e suas metas.
O princípio pode até parecer muito racional, mas a sacada da vez é justamente estabelecer essas alianças múltiplas, o que outrora, não era uma realidade dominante.
É fato que, as feiras, nos últimos anos tem diminuído de tamanho, na envergadura de 25% a 30%. Porém com espaços menores, a otimização do uso do metro quadrado é muito maior, exigindo total estudo de aproveitamento espacial e sobretudo de toda a operação para a sua montagem e desmontagem.
Os próprios expositores repensaram suas ações e iniciativas durante os dias de visitação e estão muito mais high profile, com muito mais objetividade e com uma arquitetura de estandes que lhe permita oferecer uma extensão de seu negócio, de forma mais intimista, menos faraônica, com investimentos mais plenos em capital humano, para receber e acolher clientes, consumidores e públicos afins.
Em vez de projetos megalomaníacos, que em muitos casos até gerava intimidação no atendimento aos visitantes, a área livre está sendo condicionada a receber construções muito mais sustentáveis, com a utilização de materiais mais leves e econômicos, que também tenham em sua composição, elementos menos agressivos ao meio ambiente, prática que começa a ser almejada pela sociedade.
Na atualidade é meramente impossível não trabalhar com a oferta de conteúdos educacionais paralelos a realização de uma feira. A sede de aprender e renovar conhecimentos está muito aquecida nos públicos, seja em ambientes corporativos, científicos ou até mesmo como base para a busca de mais qualidade de vida e hedonismo e essa demanda tem sido cada vez mais suprida com a contratação de curadores de temas para a elaboração de uma grade diversificada, que não será apenas mais um complemento, mas sim uma fonte de atração para os visitantes.
Outra especificidade que vem ganhando espaço no mercado de feiras é justamente a segmentação. Cada vez mais busca-se priorizar nichos inseridos em macro ambientes. E nesse movimento, a regionalização também demonstra ser algo mais dirigido, proporcionando maior acessibilidade de público, que não precisará ter elevados investimentos de deslocamentos a outro território geográfico e suas necessidades de hospedagem, alimentação, transfers, etc.
No aspecto da regionalização há uma abrangência maior na possibilidade de pequenos e médios empresários participarem e a movimentação econômica gerada por esses empreendedores tem cada vez mais superado as melhores expectativas.
As feiras estão se reinventando, adequando-se aos novos tempos, as novas tecnologias, mas sempre mantendo em sua essência o contato humano, caracterizado pelas negociações face to face, que cria ou revitaliza relacionamentos do cotidiano, possibilita o encontro real da oferta e da demanda, de forma muito transparente e efetiva.
Feiras simbolizam trocas comerciais e também emocionais, afinal vendemos produtos, serviços e soluções, tendo como foco o desejo e necessidades das pessoas, que, apesar de todo o evolucionismo high tech, ainda são controladas por um coração, que pulsa em busca de sua realização em todas as esferas.

Andréa Nakane é professora universitária da Metodista de São Paulo e diretora da Mestres da Hospitalidade . www.mestresdahospitalidade.com.br